Seguiu o corredor e, submerso
nos seus pensamentos, abriu a sua porta. A paisagem era desoladora. A
calamidade causadora não estava explícita, porém, uma certeza: tinha havido um
duelo entre a aflição e a devastação. O quarto estava completamente destruído.
Papeis espalhados pelo chão, alguns rasgados, outros queimados, a cómoda
desaparecera, lâmpadas partidas em um milhão de cacos, o cheiro ardente ainda
estava na atmosfera, o armário encontrava-se num ângulo de cerca de 20º graus
entre a cama e a parede... Ah, a matemática até nestas alturas estava presente!
Dirigiu-se à varanda e até o bonsai lho tinham levado. No seu rosto lia-se uma
expressão de desilusão. Mais que raiva, tristeza ou uma mancha no seu
bem-estar, era a desilusão que dominava a sua face. Então sentou-se no meio dos
destroços, como um soldado faz após a guerra, e meditou no sucedido. «O que é
que levaria alguém a fazer isto? Eu nem tenho inimigos. Acho eu. Bem, também
não tenho amigos… Sou um ponto preto num quadro castanho, será por isso?», e
assim continuou, mergulhado nas águas superficiais da sua mente durante algum
tempo.
Minutos depois ergueu-se da
confusão que se instalara no encéfalo, qual estátua de um qualquer descobridor.
Depois ergueu o resto do corpo, pegou na chave do quarto e foi dar uma volta,
não para espairecer, mas para ir ter com uma pessoa.
Chegado ao destino, foi ter com
ela.
- Acho que me assaltaram o
quarto – disse o homem, fitando o rosto da amante.
-
Assaltaram-te o quarto?! – Inquiriu estupefacta, aproximando-se do homem –
Como? E quem?
- Não sei. Abri a porta e estava tudo confuso, parecia um cenário pós-apocalíptico. Tudo espalhado pelo chão, enfim, um caos – prosseguiu enquanto andava de maneira agitada de um lado para o outro – O pior é que não tenho ideia de quem possa ter feito uma coisa destas.
- Não sei. Abri a porta e estava tudo confuso, parecia um cenário pós-apocalíptico. Tudo espalhado pelo chão, enfim, um caos – prosseguiu enquanto andava de maneira agitada de um lado para o outro – O pior é que não tenho ideia de quem possa ter feito uma coisa destas.
- Já ligaste à polícia? – Correu
a ir buscar o telefone mas continuava a gritar – Temos de ligar à polícia!
- Não. E acho melhor não o
fazer, não posso esquecer aquilo da última vez.
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