domingo, 31 de março de 2013
Pessoas que admiro
José Saramago, Jimi Hendrix, Siddhartha Gautama, Banksy, Ludwig van Beethoven, Carl Sagan, Genghis Khan, Ricardo Araújo Pereira, Eric Clapton, Cristopher McCandless, George Orwell, Napoleão Bonaparte, Isaac Newton, Stanley Kubrick, Jim Morrison, David Gilmour, George Carlin, Alexandre o Grande, Zeca Afonso, Bob Dylan, Clint Eastwood, Fernando Pessoa, John Cleese, Clint Mansell, Hayao Miyazaki, John Butler, Quentin Tarantino, Leonardo da Vinci, Bill Watterson, Guy Fawkes, Ricky Gervais, Axl Rose, Mitch Hedberg, Parker Griggs,...
domingo, 17 de março de 2013
O Diálogo
- Mas porquê escritor?
- Porque escrever é fácil. Basta pôr o coração em cima da mesa e escrever até ele sangrar. Claro que às vezes é difícil tirá-lo do corpo ou fazê-lo parar de sangrar, mas esta é a ideia base. Escrever até a alma doer, até furar o espaço que existe entre eu e tu, até as excrescências da mente se amplificarem, até sentir cólera, arroubo ou pundonor, até observar um ósculo entre a vida e a morte através de notas musicais dispostas num atril e regidas por um senhor de batuta na mão. Escrever para tudo e para todos mas, principalmente, para nós. Colocar os mais reles pensamentos numa folha de papel, conspurcá-los e amarfanhá-los das ousadias mais sujas, e no fim sentir amargor, porém, uma frugal e inócua alegria. Descrever a escrita é descrever tudo e descrever nada. Por isso vou agora descrever a parte do nada - e calou-se o escritor.
- Ganha muito dinheiro? - perguntou o rapaz, ainda confuso com o discurso que acabara de ouvir; tentava arranjar uma maneira de decifrar todas aquelas palavras, algumas ouvidas pela primeira vez.
O escritor riu-se.
- Não, quase nada. Bem, pelo menos não agora. Antes ganhava algum dinheiro - e ditas as palavras acendeu um cachimbo straight billiard que guardava numa gaveta, por baixo de uma das estantes de livros.
- Porque é que já não ganha tanto?
- É simples: a vida acontece e as pessoas deixam-se de interessar - deu outra passa e expirou para a parede alvacenta à esquerda, agora negra como as trevas pois há muito que o sol se tinha posto.
- E não se importa? - inquiriu o catraio, visivelmente indignado.
- Sou um pobre velho, já poucas coisas me importam. E o dinheiro não é uma delas. Chega uma altura em que reparamos que o que traz felicidade não é o que está à nossa frente, mas sim ao nosso lado, à nossa volta e por cima de nós. Claro que quando era jovem o meu grau de alacridade variava consoante um gráfico de valores numéricos. Quando os valores eram elevados, o meu grau de alegria estava no topo. Quando os valores eram baixos, o meu grau de alegria estava mais abaixo que a fossa das marianas. Ficava deprimido, até. Mas tudo muda e nós também sofremos alterações, de foro físico e psíquico.
O rapaz ficou a olhar para o fumo que saía do cachimbo do escritor. Como é que aquilo saía daquela maneira? Algumas partículas até ganhavam formas! Viu uma argola que saíra daquele cigarro estranho e a imagem dos anéis de Saturno veio-lhe à memória; tinha-os vistos num livro horas antes. Levantou-se e voltou para a sala. O escritor continuou a aspirar a fumaça e a olhar para a janela.
- Porque escrever é fácil. Basta pôr o coração em cima da mesa e escrever até ele sangrar. Claro que às vezes é difícil tirá-lo do corpo ou fazê-lo parar de sangrar, mas esta é a ideia base. Escrever até a alma doer, até furar o espaço que existe entre eu e tu, até as excrescências da mente se amplificarem, até sentir cólera, arroubo ou pundonor, até observar um ósculo entre a vida e a morte através de notas musicais dispostas num atril e regidas por um senhor de batuta na mão. Escrever para tudo e para todos mas, principalmente, para nós. Colocar os mais reles pensamentos numa folha de papel, conspurcá-los e amarfanhá-los das ousadias mais sujas, e no fim sentir amargor, porém, uma frugal e inócua alegria. Descrever a escrita é descrever tudo e descrever nada. Por isso vou agora descrever a parte do nada - e calou-se o escritor.
- Ganha muito dinheiro? - perguntou o rapaz, ainda confuso com o discurso que acabara de ouvir; tentava arranjar uma maneira de decifrar todas aquelas palavras, algumas ouvidas pela primeira vez.
O escritor riu-se.
- Não, quase nada. Bem, pelo menos não agora. Antes ganhava algum dinheiro - e ditas as palavras acendeu um cachimbo straight billiard que guardava numa gaveta, por baixo de uma das estantes de livros.
- Porque é que já não ganha tanto?
- É simples: a vida acontece e as pessoas deixam-se de interessar - deu outra passa e expirou para a parede alvacenta à esquerda, agora negra como as trevas pois há muito que o sol se tinha posto.
- E não se importa? - inquiriu o catraio, visivelmente indignado.
- Sou um pobre velho, já poucas coisas me importam. E o dinheiro não é uma delas. Chega uma altura em que reparamos que o que traz felicidade não é o que está à nossa frente, mas sim ao nosso lado, à nossa volta e por cima de nós. Claro que quando era jovem o meu grau de alacridade variava consoante um gráfico de valores numéricos. Quando os valores eram elevados, o meu grau de alegria estava no topo. Quando os valores eram baixos, o meu grau de alegria estava mais abaixo que a fossa das marianas. Ficava deprimido, até. Mas tudo muda e nós também sofremos alterações, de foro físico e psíquico.
O rapaz ficou a olhar para o fumo que saía do cachimbo do escritor. Como é que aquilo saía daquela maneira? Algumas partículas até ganhavam formas! Viu uma argola que saíra daquele cigarro estranho e a imagem dos anéis de Saturno veio-lhe à memória; tinha-os vistos num livro horas antes. Levantou-se e voltou para a sala. O escritor continuou a aspirar a fumaça e a olhar para a janela.
quinta-feira, 14 de março de 2013
Pedro e Inês
dom pedro e dona inês
viram-se p'la primeira vez
no séquito de dona constança
e viveram o romeu e julieta antes de escrito
mas como todas as histórias de amor
depressa foi riscada e reescrita
pela mão de dom afonso e da tirania
exilou dona inês em castela
e à espera no castelo de albuquerque
de cartas de amor e memórias sentidas
nunca perdeu o fogo de recordações retidas
depois de viúvo trouxe-a p'ra portugal
e consigo veio uma sentença de morte
dom afonso decidiu tirar o amor ao filho
e dar ao mundo uma narrativa com brilho
a água do aqueduto ficou vermelha
nasceu então a quinta das lágrimas
nasceu então a palavra saudade
e já camões dizia
que depois de morta foi rainha
mas não morreu em vão
e os descobrimentos
dela descenderam
então dom pedro mostrou
que o cruel e o cru
também pode ser o justo
encontrou pêro e álvaro
e fez deles um espectáculo bárbaro
diogo fugiu para frança
e escapou à vingança
o amor de pedro e inês
o até-ao-fim-do-mundo-apaixonado
o sentimento jamais assaltado
mora agora num mosteiro
feito de pedras de recordações
quarta-feira, 13 de março de 2013
O filho do criador
jesus, jesus, onde estás tu?
o que é que se passou entretanto?
promessas e profecias de verdades e mentiras
profetas e poetas de insónias fictícias
conheceste el-rei dom sebastião?
bons amigos e camaradas seriam
roubaste a independência ao mundo
como el-rei enterrou portugal num desassossego profundo
porque todos choram
jesus, jesus, onde estás tu?
deixaram-te em jerusalém ou não foste mais além?
voltaste ao reino do teu pai e lá ficaste
a ver televisão no trono de ouro como um traste
conheceste el-rei dom sebastião?
bons amigos e camaradas seriam
roubaste a independência ao mundo
como el-rei enterrou portugal num desassossego profundo
porque todos choram
Parte I
Eram órfãos de parentesco e de espírito.
Ele perdera os
pais num acidente de carro quando tinha três anos. O pai conduzia o velho
Toyota quando, sem que nada o fizesse prever, apareceu um unicórnio de mão dada
a um urso bebé. Pelo menos foi o que contaram à então criança de uns meros
quarenta meses; uma maneira de simplificar e atenuar o efeito devastador do
vazio eterno. No entanto, pode ter acontecido que os dois bichos estivessem
realmente de mãos dadas, uma vez que o pai deste agora órfão estava sob o
efeito de uma substância denominada por metilenodioximetanfetamina, mais
conhecida como ecstasy. Esta droga diminuiu a reabsorção de alguns filhos de
aminoácidos – monoaminas - de tal forma que fez com que estes entrassem em
contacto com os avós de uma longa linha neurológica – sinapses – causando uma
sensação de alacridade e algumas alterações da percepção sensorial, o que
explica o avistamento tão bizarro daquele par de criaturas tão informal.
Esperava-se um senhor de meia-idade embriagado, um grupo de jovens desatentos, quiçá
uma senhora de inteira-idade em contramão, mas factos são factos, e neste caso
não houve factos senão o infeliz encontro de uma família de Homo sapiens com bicharada. Infeliz para
a família do nosso protagonista, porém alegre para o unicórnio e para o urso,
uma vez que estes não sabiam que seres humanos existiam. No entanto, o
desprovido de progenitores vivos, anos depois do acidente, resolveu
investigá-lo a fundo. Isto porque nem os unicórnios nem os ursos têm mãos,
somente pés, vulgo patas, e, portanto, havia algo de estranho em toda a
situação. E havia realmente, mas lá chegaremos.
Divagações
e com cada sístole e diástole
usava um escopro para cortar o ar
e tentava encontrar a paradoxal verdade
do fazer e não fazer e do pensar e não pensar
com um frugal e inócuo movimento do cúbito
alcançava a pandanga e o despautério da existência
mas depressa caiu num esquife de lamentação
sem qualquer arroubo ou pundonor
usava um escopro para cortar o ar
e tentava encontrar a paradoxal verdade
do fazer e não fazer e do pensar e não pensar
com um frugal e inócuo movimento do cúbito
alcançava a pandanga e o despautério da existência
mas depressa caiu num esquife de lamentação
sem qualquer arroubo ou pundonor
sábado, 2 de março de 2013
Solidão
Solidão é estar numa multidão e sentirmos-nos sozinhos
Solidão é pensar no tudo e sentir o nada
Solidão é não terminar um verso
Solidão é um substântivo e às vezes um nome próprio
Solidão é nadar em águas passadas, vivê-las a cada braçada e não querer sair dali
Solidão é escrever para ninguém e cantar para o vazio
Solidão é aquilo que eu não sinto contigo
Solidão é pensar no tudo e sentir o nada
Solidão é não terminar um verso
Solidão é um substântivo e às vezes um nome próprio
Solidão é nadar em águas passadas, vivê-las a cada braçada e não querer sair dali
Solidão é escrever para ninguém e cantar para o vazio
Solidão é aquilo que eu não sinto contigo
Números
Números do salário, do tamanho de roupa, do calçado, ou simplesmente da altura, número de anos que esteve numa sala a ouvir um professor, número de jóias caras, brincos ou braceletes, número de doenças ou condições físicas ou psíquicas, número de pessoas que conhece ou de videojogos que tem, de likes numa rede social ou das vezes que sai à noite. A lista é interminável, um número que não tem nem limites nem fim, um número infinito, em matemática corrente. A lista de coisas pelas quais as pessoas são julgadas é infinita, senão vejamos um exemplo:
- Então, viste os Oscars ontem, Filomena?
- Ui, a Adele estava pouco gorda, estava.
- Ela que não emagreça que não é preciso.
- E a Nicole Kidman com aqueles brincos caríssimos?
- Ai, que estava tão linda!
- Então e o nosso Benfica?
Queiram desculpar, caros leitores e cinco ou seis chimpanzés que volta e meia cá vêm, mas o Benfica até em conversas hipotéticas aparece. E desculpem também a habilidade tremenda que tenho em inventar diálogos credíveis entre pessoas do sexo feminino. Na verdade, imaginei dois homens de bigode a falarem do Benfica e, no fim, referenciaram os Oscars muito brevemente. Depois foi só trocar. Filomena era Alfredo, Adele era Maxi Pereira e Nicole Kidman era Ola John. O Maxi não estava cheiinho, falhou um passe apenas, mas o Ola John estava realmente impecável com o seu penteado. Mas adiante.
Reparem como as personagens deste espectacular diálogo não dão importância à voz ou à qualidade da música, nem pensar, os seus 75kg é que foram realmente o tenor da noite. Não importa que consiga dar uma nota que a maior parte das pessoas não consiga, o importante é que estava gorda e, por isso, como é evidente, não pode ser apreciada na sua totalidade, para isso tem de ser magra, aos olhos desta gente.
Mas Nicole Kidman apresentou-se com uns brincos maiores que o meu nariz, e isso é sinónimo de beleza neste dicionário da parvoíce. Pouco lhes importa a cara, até podia ter um saco a tapar os olhos, boca e nariz, desde que tivesse uns brincos de ouro já era vista como uma deusa na terra. Até pode não ter opiniões sobre nada e ser a pessoa mais desinteressante do planeta, ter brincos e bijuteria daquele calibre é sinal de beleza.
Como podem ver, há dois números: 75 e 10. 75 quilos da Adele e imagino que os brincos da Nicole tivessem uns 10 centímetros. E as pessoas julgam-nas por isto, não conseguem ver nada mais que isso.
Vejamos outro exemplo:
- Olha, está ali o Asdrubal.
- O Asdrubal? Aquele que só fez a 4ª classe?
- Exacto. Que palhaço. Devia ter feito como nós, que tirámos um curso superior sobre um assunto que pouco nos importa, arranjámos um trabalho que odiamos e, por isso, todos os dias são um sacrifício para levantar da cama, mas que, pensado bem, até compensa pois ganhamos bem e estamos a guardar para a reforma. Que vai ser aos 60 e tal anos. Aí é que vamos viver a sério.
Se calhar excedi-me um bocado, esqueçam tudo a seguir ao "Devia ter feito como nós...", a nossa personagem só achou o Asdrubal um palhaço. Palhaço porque só teve numa sala 4 anos, ao contrário deles que tiveram mais de 15. Palhaço porque decidiu dar outro rumo à sua vida ou, simplesmente, não teve hipóteses de continuar a estudar. Mas isso não importa para as nossas personagens, ver além do superficial está muito visto, é um palhaço porque não estudou matérias insignificantes e pronto.
A lista não tem fim, podia ficar aqui a noite toda, mas não dá, tenho músicas para ouvir e bolachas para comer. Por exemplo, alguém que tenha 50 videojogos é um triste quando comparado a alguém que tenha 5000€ de salário. Mas felizmente ainda existem Blimundas na terra, que vêem para além do que está à vista.
PS: Não tenho nada contra contra a Adele ou Nicole Kidman, foi o único exemplo que me lembrei. Nem contra o Asdrubal, aliás, gostava de ter um amigo com esse nome.
- Então, viste os Oscars ontem, Filomena?
- Ui, a Adele estava pouco gorda, estava.
- Ela que não emagreça que não é preciso.
- E a Nicole Kidman com aqueles brincos caríssimos?
- Ai, que estava tão linda!
- Então e o nosso Benfica?
Queiram desculpar, caros leitores e cinco ou seis chimpanzés que volta e meia cá vêm, mas o Benfica até em conversas hipotéticas aparece. E desculpem também a habilidade tremenda que tenho em inventar diálogos credíveis entre pessoas do sexo feminino. Na verdade, imaginei dois homens de bigode a falarem do Benfica e, no fim, referenciaram os Oscars muito brevemente. Depois foi só trocar. Filomena era Alfredo, Adele era Maxi Pereira e Nicole Kidman era Ola John. O Maxi não estava cheiinho, falhou um passe apenas, mas o Ola John estava realmente impecável com o seu penteado. Mas adiante.
Reparem como as personagens deste espectacular diálogo não dão importância à voz ou à qualidade da música, nem pensar, os seus 75kg é que foram realmente o tenor da noite. Não importa que consiga dar uma nota que a maior parte das pessoas não consiga, o importante é que estava gorda e, por isso, como é evidente, não pode ser apreciada na sua totalidade, para isso tem de ser magra, aos olhos desta gente.
Mas Nicole Kidman apresentou-se com uns brincos maiores que o meu nariz, e isso é sinónimo de beleza neste dicionário da parvoíce. Pouco lhes importa a cara, até podia ter um saco a tapar os olhos, boca e nariz, desde que tivesse uns brincos de ouro já era vista como uma deusa na terra. Até pode não ter opiniões sobre nada e ser a pessoa mais desinteressante do planeta, ter brincos e bijuteria daquele calibre é sinal de beleza.
Como podem ver, há dois números: 75 e 10. 75 quilos da Adele e imagino que os brincos da Nicole tivessem uns 10 centímetros. E as pessoas julgam-nas por isto, não conseguem ver nada mais que isso.
Vejamos outro exemplo:
- Olha, está ali o Asdrubal.
- O Asdrubal? Aquele que só fez a 4ª classe?
- Exacto. Que palhaço. Devia ter feito como nós, que tirámos um curso superior sobre um assunto que pouco nos importa, arranjámos um trabalho que odiamos e, por isso, todos os dias são um sacrifício para levantar da cama, mas que, pensado bem, até compensa pois ganhamos bem e estamos a guardar para a reforma. Que vai ser aos 60 e tal anos. Aí é que vamos viver a sério.
Se calhar excedi-me um bocado, esqueçam tudo a seguir ao "Devia ter feito como nós...", a nossa personagem só achou o Asdrubal um palhaço. Palhaço porque só teve numa sala 4 anos, ao contrário deles que tiveram mais de 15. Palhaço porque decidiu dar outro rumo à sua vida ou, simplesmente, não teve hipóteses de continuar a estudar. Mas isso não importa para as nossas personagens, ver além do superficial está muito visto, é um palhaço porque não estudou matérias insignificantes e pronto.
A lista não tem fim, podia ficar aqui a noite toda, mas não dá, tenho músicas para ouvir e bolachas para comer. Por exemplo, alguém que tenha 50 videojogos é um triste quando comparado a alguém que tenha 5000€ de salário. Mas felizmente ainda existem Blimundas na terra, que vêem para além do que está à vista.
PS: Não tenho nada contra contra a Adele ou Nicole Kidman, foi o único exemplo que me lembrei. Nem contra o Asdrubal, aliás, gostava de ter um amigo com esse nome.
Subscrever:
Mensagens (Atom)